Um eclipse solar total poderá ser visto de forma integral no Chile e na Argentina nesta terça-feira (02/07). Em algumas áreas do Brasil, será visto de forma parcial, resultante do alinhamento entre Sol, Lua e Terra. Quem estiver dentro desta faixa dos países vizinhos vai experimentar um privilégio. No Brasil, algumas capitais poderão assistir ao eclipse parcial, são elas: Brasília, Rio Branco, Manaus, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande, Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Porto Velho, Florianópolis, São Paulo e Palmas a partir das 17h39, com duração de apenas 2 minutos.
Fases de um eclipse total
Desde o instante do primeiro contato da Lua com o disco solar até o princípio da totalidade (chamado “o segundo contato”) serão necessários cerca de noventa minutos. Durante as fases parciais, na sombra de uma árvore, pode-se observar uma multitude de imagens do crescente do Sol no chão: as folhas entrecruzadas comportam-se como minúsculos buracos que deixam passar a luz de tal modo que as imagens do Sol se formam sobre o solo, como numa “câmara escura“. A temperatura começa a baixar e a luminosidade também.
Nos dois minutos seguintes, o espetáculo intensifica-se: se o sítio de observação for elevado, pode se ver uma coluna de sombra que se desloca rapidamente vinda de oeste, como se fosse uma trovoada a chegar: é a chegada da mancha de sombra a uma velocidade de 2800 km/h.
A temperatura ambiente diminui em até 10 graus Celsius. Podem aparecer ventos súbitos e os animais ficam perturbados. No momento em que o último bocado do disco solar se preparar para desaparecer e a coroa começar a se ver, a luz ambiente desce bruscamente. Nesse instante, se pode ver no chão as sombras voadoras – a luz projeta a turbulência da alta atmosfera e toda a paisagem se cobre de ondeados fugitivos como os que vemos no fundo das piscinas. Alguns segundos antes da totalidade, o crescente solar transforma-se num fio fino de luz que se separa em pequenos bocados: os grãos de Baily – que recebem o nome daquele que escreveu sobre eles, pela primeira vez, em 1836. Estes são causados pelo relevo da Lua, onde a luz do Sol ainda consegue passar entre as montanhas lunares. No último segundo antes da totalidade, observa-se o efeito “anel de diamante“: são os últimos raios da fotosfera. Vem então a fase da totalidade, em que a cromosfera e a coroa solar aparecem. A coroa, constituída por átomos ionizados a alta temperatura e por elétrons que são ejetados pelo Sol no espaço interplanetário (vento solar), e apresenta um grande número de estruturas que parecem jatos. O céu fica de uma cor azul acinzentada, mas o horizonte mantém-se luminoso. Existe então uma luminosidade igual a de um crepúsculo. As estrelas mais brilhantes aparecem, assim como os planetas. É só nesta fase que a observação a olho nu é possível sem proteção ocular.
OS NODOS LUNARES
É importante que possamos distinguir os períodos, ao tratarmos dos eclipses lunares e solares, em tempos de Lua Cheia e de Lua Nova.
Outra questão absolutamente fundamental é que a órbita lunar não é coplanar com a órbita terrestre. Os dois planos formam entre si um ângulo variável, cujo valor médio é de 5º 9′. Nas épocas de ocorrência dos eclipses essa inclinação é máxima, atingindo o valor de 5º 18′.
Chegamos agora, ao momento verdadeiramente crucial de nosso trabalho: estamos diante dos pontos de cruzamento entre a eclíptica (que é o aparente andamento da Terra em seu movimento de translação ao Sol) e a órbita da Lua (em torno da Terra).
Os pontos de cruzamento entre a eclíptica e a órbita da Lua são denominados nodos: a Lua passa pelo nodo ascendente quando se dirige para o norte da eclíptica e, pelo nodo descendente quando se dirige para o sul da eclíptica. A linha que une os dois nodos é chamada de linha dos nodos.
É importante que saibamos que a linha dos nodos é a linha de interseção entre o plano da órbita de um corpo celeste e um plano orbital de referência. Em relação ao plano orbital da Terra, a linha dos nodos é a linha de interseção entre o plano orbital de qualquer corpo celeste e o plano orbital da Terra – e nesse trabalho, o que nos interessa é essa interseção entre a Lua e a Terra, em seus planos orbitais. A linha dos nodos une o nodo ascendente ao nodo descendente.
Os Nodos Lunares estão sempre opostos um ao outro e movem-se em sentido inverso através do Zodíaco. O ciclo dos Nodos é de 18.6 anos e o seu movimento diário aproximado é de 3’ de arco.
O Nodo Norte ou o Nodo Ascendente é aquele em que a Lua cruza a eclíptica ao passar de Sul para Norte do percurso por ela definido. O Nodo Sul ou o Nodo Descendente é aquele em que a Lua cruza a eclíptica ao passar de Norte para Sul.
Para que ocorra um eclipse é necessário que a linha dos nodos esteja apontando para o Sol e que o Sol, a Terra e a Lua estejam alinhados, o que só acontece quando a Lua, em fase de nova ou de cheia, encontra-se nas proximidades da eclíptica. Em função da necessidade desse alinhamento, não são todos os meses que veremos os eclipses podendo acontecer.
Ao longo de um ano, a Terra realiza seu movimento de translação em relação ao Sol, levando consigo, é claro, a Lua, como já vimos mais acima. Duas vezes ao ano, encontraremos a linha dos nodos alinhada com o Sol e a Terra. Quando a Lua passar pelo nodo durante a temporada de eclipses, ocorre um eclipse. Essas temporadas ocorrem a cada 173 dias, em função da órbita da Lua que gradualmente gira sobre seu eixo (com um período de 18,6 anos de regressão dos nodos).
Se somarmos duas vezes esse período de 173 dias, encontraremos o Sol e o nodo ascendente ou descendente da Lua na mesma direção uma vez a cada 346,62 dias. Ao multiplicarmos esse número de dias ao período de 18.6 anos de regressão dos nodos, encontraremos 6585 dias. Isso se chama Saros – o ciclo periódico de aproximadamente 18 anos do sistema Terra-Lua-Sol. A cada 6585 dias a Terra, a Lua e o Sol estão exatamente na mesma posição. Quando há um eclipse lunar, haverá também um exatamente 6585 dias mais tarde. Serão 223 meses sinódicos. Isto significa que a configuração Sol-Lua e os eclipses se repetem na mesma ordem depois deste período. Este ciclo já era conhecido pelos antigos Babilônios, e por razões históricas, é conhecido como Saros, que significa repetição, em grego.
Tipos de eclipses solares
– O eclipse solar parcial: somente uma parte do Sol é ocultada pelo disco lunar.
– O eclipse solar total: toda a luminosidade do Sol é escondida pela Lua.
– O eclipse anular, eclipse anelar ou eclipse em anel: um anel da luminosidade solar pode ser vista ao redor da Lua, o que é provocado pelo fato do vértice do cone de sombra da Lua não estar atingindo a superfície da Terra, o que pode acontecer se a Lua estiver próxima de seu apogeu. Isso é similar à ocorrência do eclipse penumbral da lua.
– O eclipse híbrido, quando a curvatura da Terra faz com que o eclipse seja observado como anular em alguns locais e total em outros.
– O eclipse total é visto nos pontos da superfície terrestre que estão ao longo do caminho do eclipse e estão fisicamente mais próximos à Lua, e podem, assim, serem atingidos pela umbra; outros locais, menos próximos da Lua devido à curvatura da Terra, caem na penumbra da lua, e enxergam um eclipse anular.
Eclipses solares podem ocorrer apenas durante a fase de Lua nova, por ser o período em que a Lua está posicionada entre a Terra e o Sol.
Antoine Caron Astronomers Studying an Eclipse
Créditos: NASA, http://eclipse.gsfc.nasa.gov/