Segundo os registros dos últimos dias, a umidade relativa do ar alcançou mínima abaixo de 25% e máxima acima de 90% no período de 24h. E temperaturas acima dos 30°C durante o dia e abaixo de 19°C durante a noite, causando mal estar em muitos brasileiros e agravamento de doenças respiratórias.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os valores de umidade relativa entre 30% e 50% são níveis ideais para a saúde humana, os valores acima de 65% podem contribuir para o aumento de alergias, asma e doenças respiratórias do trato superior e os valores abaixo de 20% representam estados de alerta e emergência.
Uma pesquisa publicada no Portal de Revistas Científicas em Ciências da Saúde titulada “Variáveis meteorológicas e poluição do ar e sua associação com internações respiratórias em crianças: estudo de caso em São Paulo, Brasil”, cientistas analisaram a variação da temperatura do ar e de outros atributos meteorológicos, como umidade relativa do ar, precipitação e os poluentes atmosféricos, e concluíram que estas são as principais razões ambientais para o aumento do risco de internações e das mortes causadas por doenças respiratórias no mundo.
A umidade relativa, assim como a temperatura do ar, é capaz de influenciar a saúde humana, já que interfere nas sensações de conforto e desconforto térmico, que, por sua vez, estão relacionadas ao sistema termorregulador do corpo humano, que é responsável por regular/manter o equilíbrio térmico do organismo com meio ambiente.
O físico e professor Jorge Missono, de Rio Claro-SP, nos conta de forma descomplicada como funciona a sensação térmica: “quando a umidade do ar está alta ocorre saturação de partículas de água no ar e redução da evaporação do suor na pele. A pessoa não tem resfriamento por evaporação da água e tem a sensação de abafado, ou a impressão de estar mais quente do que realmente está”, explica.
Já quando a umidade do ar está baixa, o efeito é contrário: “Ocorre maior quantidade de evaporação do suor na pele, assim perdemos mais calor e desta forma temos a sensação de estar mais frio do que realmente está”, completa.
A combinação de determinadas temperaturas do ar e da quantidade de umidade relativa pode colaborar para o stress térmico do corpo humano. O desconforto térmico humano pode ser sentido, sobretudo, quando a temperatura do ar está elevada e o ar apresenta alta quantidade de vapor d’água na atmosfera, ou seja, quando a umidade relativa se encontra no seu ponto de saturação
Além disso, a alta umidade relativa do ar colabora para a sensibilidade a alérgenos (externos e internos), a mofos e fungos.
Em contraposição, os baixos valores de umidade relativa do ar cooperam para o ressecamento das mucosas, desidratação das células e também tornam o ambiente mais propício à transmissão de vírus e ao crescimento de mofos, fungos, bactérias e outros micro-organismos nos locais de moradia, causando alergias, rinites (alérgicas e não alérgicas), crises de asma, entre outras inflamações da membrana mucosa.
Ainda segundo o estudo, os resultados mais significativos da relação entre a temperatura média do ar e as internações foram encontrados nas menores temperaturas e nas temperaturas intermédias de 17,5ºC a 21ºC e nos altos índices de umidade relativa do ar.
No tocante à poluição do ar, verificou-se que as altas concentrações do poluente MP10 na atmosfera contribuem para o aumento das doenças. Quando as concentrações de MP10 são elevadas, seus efeitos são sentidos pelo corpo humano de uma maneira mais imediata, afetando a função pulmonar, aumentando as crises de asma, bronquite e outras infecções do sistema respiratório.
A OMS 42 estima que a poluição do ar é responsável por 25% das mortes por câncer de pulmão, 17% por doenças respiratórias do trato inferior e 48% das mortes por doenças respiratórias no mundo.
Climatologia:
A variabilidade climática da localidade é influenciada por diversos sistemas atmosféricos como, por exemplo, a atuação do sistema anticiclone subtropical do Atlântico Sul (ASAS) que é responsável pelos períodos secos, a presença das massas de ar tropical atlântica (mTa), massa tropical continental (mTc), e a massa polar atlântica (mPa). Outros controles de circulação secundária como a proximidade do oceano e o relevo também são importantes na dinâmica climática local, bem como as atividades antrópicas como o processo de urbanização, uso e ocupação do solo podem interferir no aquecimento da superfície e na sensação térmica.
Por Kathleen Rebustini, jornalista.