Matéria publicada dia 16 de abril de 2017!
Nesta última segunda-feira, (20/03), começou o solstício de Outono, às 07h29, horário de Brasília. O sol nasce no ponto cardeal Leste e se põe no ponto cardeal Oeste. Sendo uma estação de transição entre o verão e o inverno, verificam-se as mudanças rápidas nas condições de tempo, maior freqüência de nevoeiros e registros de geadas em locais serranos das regiões Sul e Sudeste.
O solstício e o equinócio ocorrem duas vezes por ano, junho e dezembro, no caso do solstício, e em setembro e março, no equinócio. No solstício, o sol encontra-se o mais distante possível do “equador celeste” (linha imaginária que marca o céu ao meio – como o equador com a Terra). Já no equinócio, o sol passa exatamente sobre o “equador celeste”. No solstício de verão, no hemisfério sul, o sol estará “a pino” sobre o Trópico de Capricórnio, que receberá a incidência direta da luz solar. Ao contrário, quando for solstício de verão no hemisfério norte, o sol estará “a pino” sobre o Trópico de Câncer. Da mesma forma, podemos dizer que, nas regiões polares, o Círculo Polar Ártico delimita a região que não receberá sol durante o solstício de inverno no hemisfério norte. Da mesma forma que o Círculo Polar Antártico, delimita a região que não receberá sol durante o solstício de inverno no hemisfério sul.
Essa semana formou o bloqueio Ômega invertido. Existem alguns tipos de bloqueios bem conhecidos na Meteorologia, e quando um bloqueio é formado por um sistema de alta pressão cercado por duas baixas (conforme o mapa abaixo), a circulação dos ventos de nível superior contornam estes sistemas e desenham de forma parecida a letra omega do alfabeto grego, mas para o hemisfério sul chama-se omega invertido devido a crista de alta pressão apontar na direção do polo sul. (Ω = letra omega).
Bloqueio atmosférico Ômega
Significa que parte do continente e dos oceanos adjacentes terão um padrão persistente de tempo, exemplo: Um sistema de alta pressão persistirá sobre o Atlântico a leste da Argentina, trazendo o ar frio de sul para o setor leste do Centro-Sul do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina. Como trata-se de uma alta pressão,(A), de origem dinâmica, o frio associado estará mais evidente durante à noite e ao amanhecer, somado a perda radiativa noturna. Este bloqueio também deverá segurar uma baixa no Atlântico, na altura do Sudeste, que favorecerá a convergência de umidade em áreas desta região, podendo gerar ainda um sistema frontal. A resposta atmosférica a este padrão sobre o interior da região Sul, estado de SP, RJ, sul de Minas Gerais, centro-sul do MS, Uruguai e parte do Paraguai será a diminuição significativa da precipitação. Já o setor costeiro do Brasil que vai do norte do Rio Grande do Sul até o Nordeste terá instabilidades frequentes, com destaque para o sul da Bahia que poderá ter sérios problemas.
No último final de semana, formou a primeira baixa pressão subtropical, com 1010 hPa de Outono no Sudeste, conforme havia sido sinalizada pela agência NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica). Anomalia que contribui para a formação do corredor de umidade da ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), ocasionando linhas de instabilidades que provocaram chuva fraca à moderada no RJ, neste sábado, (26/03). Entre domingo e segunda-feira, (28/03), formou uma frente subtropical (oclusão) subindo em direção ao ES e BA.
A Depressão subtropical com 1007/05 hPa afastado da costa da BA, poderá ser nomeado para as próximas 48 horas como “Guará”. A agencia NOAA sinaliza para a possibilidade em 60% de depressão subtropical. Ressalta-se que a Marinha do Brasil, que é órgão responsável pela Bacia, poderá nomeá-la ou não. Os nomes dados aos ciclones tropicais são retirados de uma lista sazonal, que varia conforme a bacia e são definidas com muitos anos de antecedência. Os últimos registros foram Furacão Catarina (2004), Anita (2010), Arani (2011), Depressões Subtropicais Bapo e Cari em Janeiro e Fevereiro de 2015, Depressões Subtropicais Deni e Eçaí em Novembro e Dezembro de 2016.
Os modelos da agência NOAA confirmam chance para a formação da “depressão subtropical” nas próximas 48 horas, que poderá causar grandes transtornos às populações entre MG e BA devido ao escoamento e formação da ZCAS sobre estas regiões.
TSM – Temperatura de Superfície do Mar – INPE
P.S: Conforme as nomenclaturas e descrições dos ciclone subtropicais. são considerados distúrbios (Sistemas de baixa pressão/cavados, que apresentam potencial para desenvolvimento, com consistência mínima de 24 horas):
– Distúrbio Subtropical, em caso de serem tropicais (Núcleo quente em baixa e alta troposfera);
– Depressão Tropical: quando a baixa apresenta circulação fechada e ventos inferiores a 64 km/h;
– Tempestade Tropical: quando a baixa apresenta circulação fechada e ventos entre 64 e 117 km/h;
– Furacão: quando a baixa apresenta circulação fechada e ventos igual ou acima de 118 km/h;
ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul)
Modelo GFS de 28 à 05/04/17.
O INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) emite alerta para chuvas intensas para os próximos dias, válido até às próximas 96 horas associadas às ZCAS, em partes do Sudeste (MG) e Nordeste, e no Centro-Oeste.
Área afetada para 107 municípios de MG:
Aviso para as áreas: Vale do Mucuri, Jequitinhonha, Norte Mineiro, Noroeste Mineiro.
Área afetada para 248 municípios da BA:
Chapada Diamantina e Nordeste, Norte, Sul , Oeste, Recôncavo, São Francisco e Sudoeste Baiano.
Área afetada para 321 municípios de PE, PI e BA:
Aviso para as áreas: Sudeste Piauiense, Sudoeste Piauiense, São Francisco Pernambucano, Chapada Diamantina, Nordeste Baiano, Norte Baiano, Sul Baiano, Oeste Baiano, Recôncavo Baiano, Sertão de Pajeú e do Araripe Pernambucano, São Francisco Baiano, Sudoeste Baiano.
Área afetada para 497 municípios de GO, MT, RO e DF:
Distrito Federal, Sudoeste Rondonense, Alto Madeira, Centros-sul Mato-Grossense, Nordeste Mato-Grossense, Norte Mato-Grossense, Sudeste Mato-Grossense, Sudoeste Mato-Grossense, Centro Goiano, Leste Goiano, Sul Goiano, Norte Goiano, Noroeste Goiano, Jalapão, Sudeste Tocantinense, Sul Tocantinense, Oeste Tocantinense, Centro Tocantinense, Sudeste Rondonense.
Predições da Semana entre o Sudeste (RJ) e parte do Nordeste:
Os modelos indicam temperaturas Outonais no RJ nesta semana devido à atuação de um APF (ante-ciclone pós/pré-frontal) ou bloqueio atmosférico Ômega invertido, que contribuem para a formação de uma frente estacionária subtropical, mantendo as expectativas de chuvas chegarem até ao Nordeste. A Zona de Convergência do Atlântico Sul, (ZCAS), deverá permanecer atuando entre o norte de MG e o sul da BA, estendendo-se pelo interior do país entre os estados de GO, TO, DF e MT. A tendência no entanto, é que a partir de hoje (29/03), a zona de convergência se desloque um pouco para o norte, influenciando também com mais intensidade o centro-norte da BA.
A ZCAS deverá se manter configurada pelo menos até as próximas 96 horas, (03/04), mantendo uma região preferencial de chuvas entre o Centro-sul da BA, norte de MG e de GO, sul do TO e o MT.
O padrão difluente em altitude, associado à termodinâmica, deverá manter instabilidade entre a Região Norte e os estados do MA e PI. Em algumas áreas destas localidades a chuva poderá ser de forte intensidade, acompanhadas de grande quantidade de descargas elétricas, rajadas de vento e pontuais acumulados significativos de precipitação. Todavia nesta quarta-feira (29/03), a precipitação deverá diminuir de intensidade na faixa norte dos estados do MA, PI e CE, em relação ao dias anteriores. Na faixa leste do país, entre RJ de SP, PR, SC e o nordeste do RS, a advecção de umidade do oceano deverá manter o dia ainda com condições para chuva de fraca intensidade e de forma isolada.
Entre esta quarta-feira (29/03) e o sábado (01/04), o padrão de bloqueio atmosférico Ômega invertido deverá se manter, com isso as condições de tempo não devem se alterar em relação aos últimos dias em grande parte do continente. A Zona de Convergência do Atlântico Sul, (ZCAS), estará atuando entre o norte de MG e o sul da BA, estendendo-se pelo interior do país entre GO, TO e MT.
Seguem às tendências:
Quarta-feira, 29/03: Na faixa leste do país entre RJ, SP, PR e SC, a umidade do oceano deverá manter o dia ensolarado. A tendência é que a partir de amanhã (30/03), se configure uma segunda banda da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), ao sul da banda principal, e o padrão de escoamento em altitude e a convergência de umidade em baixos níveis, favorecida pela influência da ZCAS, contribua para que ocorram pancadas de chuva em boa parte dos estados de SE, AL, PE, PB.
Quinta-feira, 30/03: O Sol predomina entre as regiões da Costa Verde, Serrana, Norte e dos Lagos, com menor chance de chuva para a capital fluminense. Existe risco para tempestades sobre a Bahia e escoamento da ZCAS.
Sexta-feira, 31/03: Mais nuvens devido ao estabelecimento do fluxo de S-SE. As temperaturas caem e há risco de chuva fraca no litoral que podem acontecer de forma isolada devido à Depressão que se intensifica, com 1003 hPa. Existe risco de chuvas intensas e acima da média sobre a BA devido às linhas de instabilidade que se intensificam no interior do Brasil;
ATENÇÃO 1 – Um centro de baixa pressão deverá se formar em alto mar afastado da costa da Bahia na sexta-feira, 31/03, e possivelmente a Marinha do Brasil poderá nomeá-lo como “Guará”. Neste dia, o ciclone ganha força e começa a baixar no seu centro. A depressão poderá adquirir as características subtropicais com ventos intensos no mar.
ATENÇÃO 2 – Entre os dias 01 e 03/04, o centro de baixa pressão se forma pela segunda vez após a passagem do anterior, com menor chance de evoluir segundo as modelagens da agência NOAA.
Sábado, 01/04: O fluxo de SE se intensifica e os riscos de chuvas aumentam no litoral, principalmente à tarde associados ao novo centro de baixa pressão com 1012/11 hPa, entre a costa da BA e do RJ. O tempo permanecerá mais frio por causa do ar polar e bloqueio Ômega invertido;
Domingo, 02/04: Tempo um pouco mais aberto com temperaturas amenas e com risco de pancadas de chuva vindas do mar durante todo o dia. Nova depressão se forma entre a Bahia e a costa do RJ. Existe chance para mar de ressaca com ondas de até 4.00 metros. Nas demais regiões do Sudeste, o tempo permanece frio e seco.
Segunda-feira, 03/04: O sol permanece entre nuvens. Temperaturas ainda na média ou um pouco abaixo devido ao fluxo de SE. A medida em que vai se deslocando para Oeste, o mar de ressaca se afasta do Sudeste.
AVISO: As matérias estão sendo resgata do Solidário Notícias!
Colaboração do prof. Douglas V. O. Lessa Paleontólogo do Clima e Edmar Fermino, foto do Outono.
Fonte de pesquisa NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica), GFS, INMET, INPE, Marinha do Brasil.